Já não existem dúvidas de que um adequado estado nutricional da mãe pode trazer vantagens de saúde para a própria e para o filho, ao longo de toda a sua vida.

Os primeiros 1000 dias de vida do bebé (270 dias de gestação + 365 dias 1º ano de vida + 365 dias 2º ano de vida) são cruciais para a sua saúde futura. Este é um período de extrema vulnerabilidade à ação do ambiente nutricional, nomeadamente no que respeita à saúde óssea, à capacidade cognitiva e ao risco de doença crónica do adulto. A comunidade científica denomina este facto de “Programação Metabólica”. Isto significa que os hábitos alimentares da mulher grávida já interferem no desenvolvimento e na saúde futura do seu bebé.

Efetivamente, existe uma associação entre o estado nutricional da mulher antes e durante a gravidez, a sua alimentação, o peso do recém-nascido, e ainda a velocidade de aumento de peso do lactente e o risco futuro de doença crónica na idade adulta, doença cardiovascular, hipertensão, diabetes, cancro e obesidade.

Por forma a permitirmos que o nosso bebé cresça nas melhores condições, para além de termos conhecimento dos alimentos a evitar, dos cuidados a ter no que respeita à higiene e segurança alimentar, é também, muito importante, garantirmos que estamos a ingerir os nutrientes necessários, em quantidade e qualidade.

Assim sendo, ter uma alimentação saudável durante a gravidez é essencial para o crescimento saudável do bebé e para o bem-estar da mãe. As recomendações alimentares para o período da gravidez não são muito diferentes das recomendações alimentares para toda a população.

A ingestão energética deve assegurar o ganho de peso adequado ao IMC prévio à gravidez por forma a garantir um parto de termo, sem complicações.

Como referido no parágrafo anterior, o ganho de peso adequado à grávida depende do seu IMC no momento da conceção.

A grávida tem necessidades aumentadas de energia e de nutrientes, sendo este aumento dependente do trimestre em que se encontra. Mas não significa que deverá comer “por dois”!

Esta é uma ideia que esteve bastante enraizada durante alguns anos. Na verdade, este aumento das necessidades calóricas não é, nem de perto, nem de longe, para o dobro!

  • No 1º trimestre não há necessidade da grávida aumentar a sua ingestão calórica;
  • No 2º trimestre deverá existir um aporte extra de 340Kcal/dia;
  • No 3º trimestre um aporte extra de 452Kcal/dia.

Na prática, estes aportes extras são facilmente alcançados com refeições extras ou com um ajuste das doses diárias, em cada refeição.

Esta é uma fase para a mulher grávida tirar o melhor partido da alimentação, fazendo dela, um veículo condutor para a saúde do seu bebé.

Não é uma fase para restrições, mas também não é uma fase para exageros. Se até aqui, os cuidados alimentares não faziam parte do seu dia-a-dia, encontra-se na fase ideal para isso.

Carla Gomes – Nutricionista Bebé4D
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